RELATÓRIO DA PESQUISA
A relevância da inovação na indústria seguradora
Insights de oito anos dos prémios Qorus Innovation in Insurance
5 minutos de leitura
30 agosto 2024
RELATÓRIO DA PESQUISA
Insights de oito anos dos prémios Qorus Innovation in Insurance
5 minutos de leitura
30 agosto 2024
Os prémios Qorus Innovation in Insurance, lançados em 2016 com 225 candidaturas, atraíram até à data quase 3000 participações. A AM Best incluiu a inovação como um critério para avaliar as seguradoras nos seus relatórios. Apesar das limitações do financiamento por capital de risco, as insurtechs continuam a ser notícia com as suas soluções transformadoras.
Para compreender mais profundamente a inovação em seguros, incluindo porquê e como acontece e que benefícios proporciona, realizámos:
Penso até que a inovação em seguros não é, atualmente, uma escolha: é uma questão de vida ou de morte. Se não lideramos a transformação, somos aniquilados pela transformação.
Jean-Marc Pailhol / Diretor de Parcerias Estratégicas Globais, Allianz SE
A maior parte do investimento em inovação destina-se a satisfazer as expectativas dos clientes, a melhorar a competitividade e a impulsionar o crescimento e o lucro. O desenvolvimento de produtos é a área mais produtiva, seguido pela gestão de sinistros, marketing e distribuição. Embora os seguros de vida e de saúde beneficiem da inovação, as iniciativas mais relevantes ocorrem em P&C (propriedade e responsabilidade civil).
A nossa investigação mostra que a maior parte da inovação, hoje em dia, é uma resposta à pressão por parte de clientes, concorrentes e acionistas. Os fatores macroeconómicos também exercem um papel, assim como a regulamentação – quer como promotora quer como inibidora da inovação. As tecnologias emergentes têm uma influência extremamente forte – IA, cibersegurança, cloud, APIs abertas e automação são as tecnologias que os inquiridos consideram que terão o maior impacto na indústria seguradora nos próximos três anos.
80% dos inquiridos no nosso estudo referiram que os seus projetos de inovação atingiram ou superaram os resultados financeiros esperados. Quanto aos objetivos não financeiros, como o envolvimento e satisfação do cliente, a força da marca e a lealdade dos colaboradores, o número sobe para 98%.
É consensual que a inovação não é fácil; surgem muitos obstáculos ao longo do caminho para a implementação em escala. Cada um destes obstáculos pode pôr fim a conceitos promissores.
O primeiro obstáculo reside numa cultura organizacional resistente à mudança, avessa ao risco e punitiva em relação ao fracasso. Neste contexto, pode ser difícil encontrar e manter apoios comprometidos.
A cultura de MVP (produto mínimo viável) é algo em que ainda precisamos de trabalhar, aceitando que não será perfeita à primeira e que exige iteração. Ainda são necessários alguns progressos, mas esta mentalidade é essencial para a inovação.
Jerome Liegeois / Responsável de Inovação, Société Générale Assurances
A falta de competências constitui um obstáculo crítico. É especialmente valiosa a combinação de uma visão clara de como se pode transformar um processo ou produto existentes e uma compreensão de como as novas tecnologias podem ajudar a consegui-lo.
Além disso, as seguradoras que procuram dinamizar os seus mercados terão de navegar numa rede complexa de regulamentos que podem limitar práticas inovadoras ou requerer adaptações significativas.
Por fim, constatámos que a volatilidade económica pode simultaneamente dificultar e estimular a inovação. Na maioria dos casos, reduz a tolerância das organizações a prazos longos de retorno do investimento.
Os líderes seniores que inquirimos partilharam aqueles que consideram os facilitadores da geração de valor mais 'decisivos' ou 'muito significativos' para a inovação nos próximos três anos, com os seguintes resultados:
90%
Uma mentalidade e cultura de inovação
Os líderes devem promover a inovação, fomentar uma cultura que aceite a mudança e remover todas as barreiras institucionais, substituindo-as por facilitadores e incentivos.
90%
Tecnologia inovadora
Da cloud e IA a várias plataformas digitais, as ferramentas modernas oferecem amplas possibilidades, que permitem explorar com risco mínimo de impacto.
73%
Patrocínio sénior
A gestão deve liderar a estratégia de inovação com objetivos claros de curto e longo prazo, assegurando um apoio forte e visível.
66%
Financiamento da inovação
Definir claramente os resultados esperados de um projeto de inovação e monitorizá-los de perto permite que as seguradoras reforcem o apoio da liderança e garantam o financiamento.
66%
Talento de inovação
As seguradoras necessitam de profissionais capazes de gerir os projetos de inovação desde o início até à implementação. Equipas dedicadas à inovação são essenciais para o sucesso.
51%
Centros de Excelência (COE)
Os Centros de Excelência (COE) podem ser um recurso valioso na gestão dos programas de inovação, identificando as competências necessárias, estabelecendo normas, e promovendo o progresso e as melhores práticas.
46%
Parceiros de inovação
Os parceiros de inovação podem ter um papel complementar ao oferecer consultoria e recursos às seguradoras, possibilitando-lhes o acesso a competências em falta. Frequentemente, estes parceiros também proporcionam apoio financeiro.
Aprendemos muito com os nossos colaboradores, especialmente com os agentes, sobre como inovamos. Precisamos de ideias e dados de marketing, geralmente provenientes do mercado e daqueles que lidam diretamente com o negócio. É essencial proporcionar-lhes apoio, processos bem delineados e ferramentas eficazes, além de obter feedback imediato para melhorias contínuas.
David Wei / Diretor Central de I&D da sede da Ping An Insurance (Group) Company of China, Ltd
Historicamente, a inovação na indústria dos seguros foi vista como algo periférico, subfinanciado e esperado apenas para impulsionar mudanças incrementais, sem impacto transformador nas operações ou no desempenho empresarial. Hoje, esta realidade mudou. Nos tempos atuais, nenhuma seguradora se pode dar ao luxo de ignorar as melhorias em custos e serviços proporcionadas pelo fluxo constante de avanços tecnológicos, nem a vantagem competitiva que resulta da capacidade de responder de forma criativa às novas exigências do mercado.